Alzheimer: novos tratamentos que retardam a doença e a importância dos cuidados continuados

Os avanços recentes no tratamento do Alzheimer inauguraram uma nova fase no cuidado: além dos medicamentos tradicionais que atuam nos sintomas (como donepezila, rivastigmina, galantamina e memantina), surgiram terapias modificadoras da doença que podem retardar a progressão em estágios iniciais. Ao mesmo tempo, ficou ainda mais evidente que nenhum remédio substitui um plano de cuidados continuados e multidisciplinar. Neste artigo, explicamos o que mudou, para quem esses tratamentos fazem sentido e como integrar medicamentos, rotinas e apoio familiar para melhores resultados.

O que mudou com os novos tratamentos

Os novos fármacos atuam sobre a proteína beta-amiloide, removendo ou reduzindo as placas no cérebro – um dos marcadores biológicos do Alzheimer. Eles foram testados e aprovados para pessoas em fase inicial da doença (comprometimento cognitivo leve ou demência leve) e com confirmação de amiloide por exames específicos.

Principais novidades

  • Lecanemabe (Leqembi®) – Terapia aprovada em diferentes países para Alzheimer inicial. É aplicada por infusão em intervalos regulares e requer confirmação de amiloide e monitoramento por ressonância magnética devido ao risco de efeitos adversos cerebrais (ARIA).
  • Donanemabe (Kisunla™) – Outro anticorpo anti‑amiloide para fases iniciais. Também exige confirmação de amiloide e acompanhamento por imagem. Em alguns protocolos, a terapia pode ser descontinuada após redução significativa de placas.
  • Aducanumabe (Aduhelm®) – Primeiro anticorpo dessa classe, teve seu uso descontinuado pela fabricante e deixou de ser comercializado. A discussão científica que gerou abriu caminho para as terapias atuais.

Ponto-chave: essas medicações não curam o Alzheimer, mas podem retardar a progressão e preservar funções por mais tempo quando indicadas corretamente.

Quem pode se beneficiar

Os estudos indicam melhor resposta em pessoas que:

  • Estão no início da doença (comprometimento cognitivo leve ou demência leve);
  • Têm confirmação de amiloide por PET/CSF ou testes sanguíneos específicos;
  • Podem realizar ressonâncias de controle durante o tratamento;
  • Não apresentam contraindicações relevantes (por exemplo, uso de anticoagulantes pode exigir avaliação adicional).

Se você ou seu familiar têm diagnóstico de Alzheimer, converse com o médico sobre elegibilidade. Nem todos os casos se encaixam nos critérios, e a relação benefício‑risco precisa ser discutida individualmente.

Como é feito o diagnóstico de elegibilidade

Além da avaliação clínica e neuropsicológica, os centros têm avançado no uso de biomarcadores. Hoje, além do PET e da análise do líquor (CSF), surgem testes sanguíneos de p‑tau217 e razões p‑tau/Aβ que ajudam a apontar presença de patologia amiloide. Esses painéis ainda caminham para ampla incorporação, mas tendem a acelerar e baratear o acesso ao diagnóstico.

Riscos e monitoramento

Os principais riscos dos anticorpos anti‑amiloide são as alterações de imagem relacionadas à amiloide (ARIA), como edema e micro‑hemorragias. Por isso, os protocolos incluem:

  • Ressonâncias magnéticas seriadas (antes e durante o tratamento);
  • Avaliação genética de APOE ε4 em alguns casos, por maior risco de ARIA;
  • Pausa ou ajuste da terapia diante de achados em imagem ou sintomas (dor de cabeça, confusão, tontura).

A decisão pelo tratamento deve considerar benefícios funcionais esperados, riscos, logística de infusões e custos.

Acesso e cenário no Brasil

O Brasil começou a aprovar medicamentos anti‑amiloide para fases iniciais da doença. A incorporação em sistemas de saúde e a definição de protocolos operacionais (centros habilitados, monitoramento por RM, elegibilidade, financiamento) caminham em paralelo. Enquanto isso, cresce a necessidade de educação para famílias e profissionais sobre indicações, efeitos e o papel dos cuidados continuados.

Por que os cuidados continuados continuam essenciais

Mesmo com os novos fármacos, o maior impacto no dia a dia vem de um plano de cuidados consistente. Isso inclui:

  • Rotinas estruturadas (horários, previsibilidade, ambiente tranquilo);
  • Estimulação cognitiva (memória, linguagem, atenção) com atividades significativas e personalizadas;
  • Atividade física regular e adaptada (força, equilíbrio e marcha);
  • Nutrição equilibrada, hidratação e manejo de disfagia quando necessário;
  • Sono e higiene do sono, com estratégias para reduzir agitação noturna;
  • Prevenção de quedas (adaptação do domicílio/ILPI e calçados adequados);
  • Suporte emocional para a pessoa idosa e para a família/cuidador (grupos, psicologia, educação em demência);
  • Planejamento de cuidados para fases mais avançadas e paliativos quando indicado.

Perguntas para levar ao consultório

  1. Sou elegível a um tratamento anti‑amiloide? Por quê?
  2. Quais exames preciso (PET, líquor, sangue) e com que frequência?
  3. Quais são os riscos (ARIA) no meu caso e como será o monitoramento?
  4. Qual é a logística de infusões e a duração prevista do tratamento?
  5. Como integrar o remédio com um plano de cuidados continuados?

Conclusão: tratamento é caminho, cuidado é jornada

Os novos medicamentos trouxeram esperança real de retardar a progressão do Alzheimer em pessoas elegíveis. Mas o sucesso no mundo real depende da combinação entre terapia correta, diagnóstico preciso por biomarcadores e um plano de cuidados personalizado e contínuo.

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Referências Bibliográficas
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https://www.ema.europa.eu/en/medicines/human/EPAR/leqembi?utm_source=https://investors.biogen.com/news-releases/news-release-details/biogen-realign-resources-alzheimers-disease-franchise
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